segunda-feira, 15 de abril de 2013

Devastada

Divergente e Insurgente, por Veronica Roth



Gosto de dividir os livros em dois tipos (eu inventei as nomenclaturas, All Rights Reserved):
- Torrada com geleia: leve, saboroso, vai bem com um cafezinho ou um chá, pra relaxar, espairecer.
- Bomba atômica: você olha, vê aquilo chegando e sabe que não tem jeito. Você pode até correr, mas sabe que não adiantará nada. E, no final, você se vê completamente devastado.

Todo mundo já leu livros de cada um dos dois tipos e entende do que eu estou falando.
Os do tipo bomba atômica, são os melhores do pior jeito. São aqueles que mexem com você, te emocionam, te destroem de tal forma que depois se vê tendo que juntar os pedacinhos que restaram de você. E esses livros fizeram isso comigo.
Por que dar tanta ênfase em personagens secundários e deixar que os leitores se apaixonem por eles pra depois matá-los, hein, Veronica? E você Suzanne? Não esqueci de Jogos Vorazes não! Ai, esses livros de ficção distópica...


"Dividiram-se los Quatro facções Que procuravam erradicar essas qualidades Que acreditavam Ser responsáveis ​​Pela Desordem no Mundo. [...]
-Os que culpavam a agressividade formaram uma Amizade. [...]
-Os que culpavam a ignorância se tornaram uma Erudição. [...]
-Os que culpavam a duplicidade fundaram uma Franqueza. [...]
-Os que culpavam o egoísmo geraram um Abnegação. [...]
-E os que culpavam a covardia se juntaram à Audacia." Divergente, página 48


Você é corajoso? Inteligente? Altruísta? Pacífico? Franco? Mais de um dentre esses? Nenhum desses?Imagina ter que escolher uma dentre essas características e ter que se mudar para um outro lugar, viver com um grupo de pessoas que não conhece e portar-se conforme a característica que você escolheu, e isso PELO RESTO DE SUA VIDA.
Você deve escolher apenas uma e não pode mudar. Deve viver assim, ser assim, sem escolha, sem avanço, sem mudanças, sem ir além disso que escolheu para si. Essa escolha decidirá o seu estilo de vida até o findar dela.
E se você quiser pensar diferente? Ser divergente? Ser assim é estabelecer seu prazo de validade. Seja assim e não viverá muito. Ninguém pode abalar a falsa paz que existe neste mundo separado em facções.
Você deve encaixar em UMA das facções somente e fazer o que deve fazer. Sem surpresas ou atos inesperados, só a paz.
Nem preciso dizer que, como isso é um livro de ficção distópica, algo está muito errado com a concepção de paz mundial deles e uma revolta é iminente.

Beatrice Prior é uma jovem nascida na Abnegação, facção dos altruístas. Abnegar-se é negar-se a si mesmo e é nisso que essa facção acredita. Os membros desta facção nunca pensam em si mesmos. Não têm ao menos espelhos para que não olhem para si mesmo e possam dedicar o máximo de seu tempo a outros.
O aniversário de 16 anos de Beatrice está chegando e logo terá que prestar o teste de aptidão escolher em qual facção vai ficar. Beatrice faz o teste aptidão e descobre que é divergente, podendo encaixar-se em mais de uma facção. Ela deve escolher a facção que vai passar a chamar de lar. Pode continuar na Abnegação, mesmo não sentindo ser altruísta o suficiente, ou tentar a sorte em outra facção. Deve escolher entre sua família e quem ela é. Deve fazer a escolha mais importante de sua vida e que, por ela ser divergente, pode significar o fim dela.

Divergente é o primeiro livro, sendo a ponta do iceberg. Muita acontece nas 500 páginas do livro, mas é mais como uma introdução. Acontece o mesmo que em Jogos Vorazes, tem o primeiro livro, contando como, porque, quando e onde a faísca acende, aí, no segundo livro a coisa pega fogo.
Vale a pena. Muito. A genialidade de Veronica ao criar um universo novo e fantástico é incrível!

Confesso que só fui reconhecer e realmente admirar essa genialidade quando li Insurgente. Porque é quando tudo do mistério que ficou no ar em Divergente é revelado e você percebe, caramba, tinha muito mais coisa ali por trás.

"Insurgente", diz ele. "Substantivo. Uma pessoa que age em oposição à autoridade estabelecida, mas não é necessariamente considerada como um beligerante." - Fernando, um sabidinho erudito que ama dar um nome a tudo.

Os dois livros são fantásticos e dignos de 5 estrelinhas e do selo de favorito.
Mais uma série para amar, mais um casal para nos fazer suspirar e mais agonia pra esperar o terceiro livro que tem lançamento previsto para dia 22 de outubro que, por acaso, é o dia do meu aniversário. Mal posso esperar!


Beijos,
Ana Alice N.

P.S.: Existe um capítulo extra pra Divergente, Free Four: Tobias tells the story, que é basicamente o que acontece no capítulo 13 do livro sob o ponto de vista do Quatro e está disponível em ebook.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Expectativas literárias, açúcar e o poder do Dó-Sol-Lá-Fá

O milagre - Nicholas Sparks


Sabiam que com apenas quatro acordes simples de violão (SolLá Menor, Fá Dó) é possível tocar inúmeras músicas de diversos gêneros? Não é preciso ser um grande violonista pra saber tocar muitas músicas. Um par de amigos já provaram num vídeo que foi viral no youtube (assistam neste link... Mas só depois de ler a resenha, é claro). E sabiam que, com alguns elementos simples como um personagem cético, pessimista ou parcialmente infeliz, uma cidade pacata na Carolina do Norte, a dosagem certa de romance e um final magistral onde o personagem cético, pessimista ou parcialmente infeliz encontra o verdadeiro sentido da vida e pode voltar a ter fé (ufa!), é possível fazer um romance de sucesso? Ah, claro, mas isso se você for Nicholas Sparks. 
É impossível não perceber que a maioria dos romances de Sparks seguem o mesmo modelo. E é impossível não perceber o quanto ele é bom fazendo isso. É o poder de ter uma boa base em que se apoiar, meus caros. Vejamos isso pelo exemplo das músicas e seus acordes. Existem pessoas que simplesmente fogem do gênero romance achando meloso demais, mas não é bem isso que vemos no Sparks. Ele sabe a dosagem certa de açúcar que um bom romance deve ter. 
Comparando O Milagre, Um homem de sorte e Querido John, que são os livros de Sparks que já comprei em toda a minha vida em ordem decrescente da data da compra, percebo que o que mais gostei foi justamente o primeiro que li dentre estes: Querido John. Não sei se foi porque o livro é realmente melhor ou porque foi o primeiro e, como Sparks segue um modelo, os outros foram meio que um dejavú, ou, talvez, porque a história de Savannah e John era a que mais me parecia plausível. Ou todas as anteriores. 

Gosto de histórias que sejam no mínimo possíveis. Eu não tenho que acreditar necessariamente em cada palavra, cada informação, mas, se for possível, o autor já ganha minha simpatia. Acho lindo, cara, admiro muito quando um autor viaja, sai do conforto de sua poltrona só pra pesquisar a fim de fazer sua história parecer mais real. Mas, opa, o Nicholas mora na Carolina do Norte e onde se passam a maioria das histórias de seus livros? Ah, há, na Carolina do Norte! Isso seria uma indireta se isso de Carolina do Norte não funcionasse tão bem pra ele.
Durante a leitura de Um Homem de Sorte tudo que conseguia pensar era no quanto aquela história era inverossímil na realidade em que vivemos. Que tipo de homem atravessaria um país enorme só pra encontrar uma mulher que viu numa foto que encontrou perdida num deserto? Mas ignorei isso, porque essa é a graça dos romances, , eles devem emocionar e não ser racionais. E emocionou mesmo. Fiquei presa as páginas do livro até terminar. Mas o grau de possibilidade da história influenciou o número de estrelinhas na hora da avaliação no skoob, não vou negar. 

E agora O Milagre... Bem, foi só mais um. A história é muito boa, como todas do Sparks. Emocionante como Um Homem de Sorte e plausível como Querido John, já que eu acredito no amor (sim, existem pessoas que não acreditam, ou pelo menos dizem que não. Eu mesma conheço algumas), apesar de achar que o de Jeremy e Lexie aconteceu rápido demais. Tentei ler sem expectativas e, pra vocês terem uma noção, nem li qualquer resenha e passei longe da sinopse, pra ver se caso eu não esperasse demais, o enredo ficava mais surpreendente, interessante, sei lá, mas... Nada. Cheguei a conclusão de que é impossível não esperar nada de uma leitura. Você sempre espera, ainda mais com um nome como o do Sparks estampado na capa, foi mal, não consegui ler sem expectativas, mas juro que tentei. E o fato de eu já ter lido  uns 4 livros do Sparks e ser um pouquinho exigente também não ajuda. Mas a leitura não foi maçante em parte alguma, mas pelo contrário, leitura foi fluída (comecei a ler ontem a noite e terminei hoje a tarde, hehe, as férias são ótimas) e, olha, o enredo é bem interessante, só nada do tipo tipo OH-QUE-LIVRO-PERFEITO-MORRI, mas, analisando como um todo, o livro é muito bom. Ótimo pra dar aquela distraída, sabe, ler na praia ouvindo as ondas, sob a sombra de um guarda-sol e pensar no poder de transformação que o amor pode ter sobre as pessoas assim como teve sobre aqueles personagens... hahahahaha, tá bem, parei.
Enfim, o livro é de fácil entendimento, os diálogos são bem divertidos, o romance é de qualidade, a história tem conteúdo, os personagens são bons... Típico do Nicholas, só isso. 
Recomendo pra quem quiser abstrair um pouco e curtir um típico romance à lá Nicholas Sparks. 

Avaliação: 7,5

Beijos,
Ana Alice N.

P.S.: Agora que já leu a resenha, pode assistir o vídeo dos 4 acordes 25 músicas, hahaha